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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Paulinho do além-mar

Como já sabem, cliquem nas imagens para aumentá-las.




Como noticiado em primeira mão pelo blog do alencastro há alguns meses atrás, Paulo Mendes da Rocha se encarregaria da construção do novo Museu dos Coches em Lisboa, Portugal. Ao que parece, o projeto foi apresentado para os lusitanos no dia 9 último e já está gerando bastante polêmica, como de praxe. As obras começam em dezembro e o projeto fica pronto, aparentemente, antes de 2010.

Confiram abaixo das imagens o texto de um site português que cobriu a história.

Caso também se interessem, assistam ao vídeo.

Imagens do atual museu:



Representações da intervenção de PMR:













"Projecto do novo Museu dos Coches, em Lisboa, foi apresentado hoje

Um museu branco suspenso no ar
Por Graça Rosendo

O prestigiado arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha revelou ao SOL como vai ser o novo Museu dos Coches, em Belém, Lisboa, que deverá estar pronto em Outubro de 2010 para a celebração do centenário da República

Dez metros de pé direito, uma parede branca que se adivinha sem fim e uma sala que se estende por 130 metros, «maior que um campo de futebol».

Será aqui, sob temperatura, luz e humidade controladas ao milímetro, que, a partir de Outubro de 2010, passarão a estar expostos os cerca de 60 coches antigos – uma colecção única no Mundo e que Lisboa vai passar a mostrar num novo museu que mistura História e alta tecnologia, que junta linhas modernas à fruição aberta de uma das mais antigas zonas da capital portuguesa.

«O chão vai estar livre. Decidimos que esta seria uma grande construção, mas que não obstruísse a fruição daquele espaço».

Paulo Mendes da Rocha, arquitecto e urbanista brasileiro reconhecido mundialmente (Prémio Pritzker em 2006), é o autor da «caixa que vai guardar este tesouro».

Foi ele que, olhando à volta – o rio, os Jerónimos e o Centro Cultural de Belém, o jardim e as casas antigas da Junqueira e o comboio que passa -, decidiu que esta ‘caixa’ teria de ser construída a 4,5 metros do chão para permitir que «as pessoas continuem a passear naquela zona» sem impedimentos. «Houve, de facto, aqui um desafio duplo», explica.

«A primeira premissa era a necessidade de construir algo que permitisse conservar, guardar mas, ao mesmo tempo, expor artefactos (os coches) que têm uma originalidade intransponível: o seu significado histórico indizível, a dimensão inesperadamente grande e um aspecto barroco mas muito frágil», conta o arquitecto ao SOL na primeira entrevista dada em Portugal sobre o projecto do novo Museu dos Coches, antes da sua apresentação pública pelo Governo, esta quarta-feira, ao final do dia.

«Mas havia outra questão a considerar, que era a implantação urbana disto tudo, com os velhos bairros ao lado, o rio e os seus cruzeiros em frente, os jardins e o passeio ao ar livre, e os monumentos que já ali existem», acrescentou.

Por isso, «decidimos que esta grande construção teria de ficar elevada a 4,5 metros do chão», por baixo da qual o espaço aberto ficará sem restrições. Logo ali ao lado, as casas antigas da Rua da Junqueira terão como jardim das traseiras este imenso espaço aberto.

«A vista para o rio mantém-se», sem impedimentos, sem armadilhas, assegura Paulo Mendes da Rocha.

Conforme explicou, o edifício principal do novo Museu será suportado por uma estrutura metálica, assente sobre quatro colunas, no centro da qual vai ver-se, apenas, a estrutura de suporte dos dois elevadores hidráulicos, para 75 pessoas no máximo cada um, que darão acesso ao interior do Museu.

O edifício principal vai alojar apenas o Museu. Ao lado, numa espécie de anexo, será construído um outro edifício mais pequeno, «em tom de cristal», como comentou o arquitecto brasileiro.

«Aqui ficará instalada a direcção do museu, os serviços administrativos e os espaços de apoio aos visitantes. Isto de um lado do anexo – porque, do outro, com um vidro aberto sobre o Jardim do Império como parede, ficará um restaurante requintado», previsto desde o inicio no projecto do novo Museu, e cuja concessão permitirá a sustentabilidade financeira de todo o espaço.

O branco domina, tanto por fora, como por dentro. «Porque os coches já são muito coloridos», explica Mendes da Rocha. E porque é por causa deles que tudo isto se faz.

Lá dentro, à vista dos visitantes que se espera atinjam o milhão por ano, a extensa parede branca de 130 metros não vai servir apenas como pano de fundo morto para dar vida a «estes artefactos históricos enormes».

«A ideia é que, por detrás de cada coche, sejam projectadas imagens, filmes, etc, que tenham a ver com ele, com a sua época histórica ou com a sua história específica», conta Nuno Saraiva, o arquitecto responsável pelo projecto interior, ao lado de Mendes da Rocha.

Além disso, «haverá também sons associados a cada coche – o barulho de cavalos, de espectáculos, etc – e que também terão apenas a ver com ele».

A tecnologia associada à exposição, concebida em exclusivo para este Museu, permite fazer ainda mais: «As imagens e os sons associados a cada coche vêem-se e ouvem-se apenas numa determinada área, em volta deles, e deixam de ser ouvir assim que nos afastamos ligeiramente», revela Nuno Sampaio, que ainda acrescenta: «Finalmente, as visitas ao Museu vão ser personalizadas», ou seja, a cada cartão de visitante está associado um chip com a informação sobre a idade e os interesses do visitante.

«Esse cartão accionará um tipo de guia, em cada momento da exposição. Porque aquilo que interessa às crianças é diferente do que me interessa a mim, como arquitecto, ou a um visitante alemão, que seja mecânico, por exemplo». Assim, a informação que vai surgindo e que vai estando disponível junto de cada objecto exposto será diferente, consoante o tipo de visitante que se é.

O projecto do Novo Museu dos Coches vai custar 31,7 milhões de euros e será financiado com as contrapartidas da concessão do jogo no Casino de Lisboa.

Apesar dos atrasos que se têm verificado no projecto da frente ribeirinha, onde o novo Museu foi integrado – a demora na aprovação do projecto global, os conflitos com a Câmara Municipal de Lisboa e a recente demissão de José Miguel Júdice da liderança deste projecto -, o ministro da Economia, Manuel Pinho, assegura que os prazos previstos para a abertura do museu serão cumpridos.

«A obra estará pronta em Outubro de 2010, em termos expositivos», disse ao SOL.

Também os autores do projecto dão garantias de que «tudo será feito para cumprir os calendários».

«O projecto inicial do parque de estacionamento subterrâneo, sob o edifício do novo museu, foi abandonado, entre outras razões, precisamente porque ia demorar muito tempo a construir», explicaram ao SOL.

Em alternativa, revelam os arquitectos, a equipa propôs ao Governo a construção de um silo automóvel, diante do novo Museu dos Coches mas do outro lado da Avenida da India, com o qual o edifício de Paulo Mendes da Rocha terá uma ligação pedonal, seis metros acima do solo, sobre a avenida e a linha do comboio.

Este silo, que o arquitecto brasileiro também vai projectar, está pensado para ser, para além de um parque de estacionamento, um equipamento cultural, devendo ainda incluir um restaurante, no topo, com vista sobre o rio e a cidade."

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