Todo ponto de vista é apenas a vista de um determinado ponto.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
EURO EXPERIENCE - M01 D23
O` Connel Street - Champs Elysee dublinense
Desculpem a demora com os posts, mas primeiro mes eh uma correria desgracada pra se ajeitar, conseguir emprego, apartamento, roupas, comida e, principalmente, resolver as questoes legais pendentes que te permitem permanecer durante um ano no pais.
Preciso me desculpar tambem pela falta de acentos gramaticais nos posts que virao a partir desse: meu teclado eh irlandes, portanto nada de chapeuzinho do vovo ou da vovo nas letrinhas, infelizmente...
Mas enfim, vamos as novidades: O ramo de arquitetura aqui esta completamente falido, os arquitetos aqui estao literalmente sem trabalho. Mandei meu curriculo para todos propondo, inclusive, trabalhar de graca, so para pegar experiencia, etc. mas infelizmente nao foi possivel ainda. O proximo passo do plano eh ir nesses escritorios pessoalmente, se nao quiserem mesmo, pelo menos dou uma olhada no lugar e faco algum amigo arquiteto.
Nao agora, atualmente ando extremamente ocupado trabalhando em um dos tradicionais pubs da cidade, o The Duke. Preciso desse trabalho agora pra levantar uma grana que me possibilite viajar pela Europa no verao ou que, no caso apareca algum estagio em arquitetura, me de suporte durante esse tempo em que eu nao ganhar nada.
Mas enfim, no mais, estou sentindo um frio de matar brasileiro, morando com estrangeiros, trabalhando com estrangeiros e estudando com estrangeiros. Se meu ingles nao ficar bom depois de um ano nessa rotina eu desisto!
Vamos agora a algumas fotos turisticas, arquitetonicas e tambem curiosas sobre minha jornada em Dublin.
James `fuckin` Joice
Dublin ao entardecer
M inha ponte preferida - depois faco um poste especial so para pontes
Ala gorda do supermarket
Parte do projeto de Renovacao da marginal do Liffey
The Duke, Pub tradicional onde trabalho atualmente
Torneira mais estupida do mundo. Voce pode escolher: agua fervendo ou gelo!
Miojao - depois do big mac, nao ha nada mais classico
Pela primeira vez na vida tudo o que estudei em Urbanismo eh usado na pratica: claro, so na area turistica da cidade.
Aco inox aqui esta na mesma proporcao que plastico laranja no Brasil
Melhor geladeira do mundo!
Sobre o aspecto cinzento de Dublin do qual todos os meus amigos comentam, acho que eh devido ao inverno. Se no verao continuar assim eh porque Dublin nao tem jeito mesmo.
Mes que vem talvez eu va para Lisboa ou Roma, o que tornara os posts mais interessantes.
Tentarei tambem postar na mesma intensidade de antes, portanto aguardem novidades! Um grande abraco a todos!
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
MUSEU DA CIDADE - IMAGENS INTERNAS
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
MUSEU DA CIDADE - IMAGENS EXTERNAS
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
MUSEU DA CIDADE - IMAGENS SERIAIS
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
MUSEU DA CIDADE - MEMORIAL
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
PROPOSTA URBANÍSTICA E PAISAGÍSTICA
Analisando a situação urbana de forma objetiva, o acesso ao Museu da Cidade se dá por duas vias principais: a Trilha do Tostão e a Rua Engenheiro Gentil Fortes. A área de estacionamento, as plataformas de acesso e as escadas externas estabelecem uma promenade architecturale da estrada para o átrio coberto da entrada.
Além disso, o estacionamento proposto exerce a dupla função de suprir a demanda de vagas para oitenta carros particulares e facilitar, através de uma grande rotatória para ônibus, táxis e outros transportes públicos, não só o acesso de todas as classes, mas também a relação dinâmica com a malha urbana juizforana.
O acesso à praça Patrimonial pela trilha do Tostão permanece como se encontra atualmente. Já a situação para quem chega ao Museu pela rua Engenheiro Gentil Fortes passa por uma pequena mudança: a chegada à praça tanto pode acontecer de forma pedonal, pelas escadarias, quanto pelo próprio interior da TV Industrial, que funcionará como lobby do Museu, agindo como um grande diagramador de rotas. Essa dualidade de percursos é importante porque, além de multiplicar as possibilidades de descobertas espaciais, conectando o espaço interno do museu ao externo da praça, torna o acesso à praça possível a qualquer portador de necessidades especiais.
O Museu, mesmo possuindo dependências espalhadas e interconectadas por todo o cimo do morro, tem todas as entradas e saídas concentradas no lobby localizado no edifício da TV Industrial. Dessa forma, há uma otimização da organização de fluxos e, ao mesmo tempo, maior interatividade entre o espaço museográfico e a praça.
A praça, na verdade, é uma arena livre: nela, os edifícios históricos, as vistas da cidade, os caminhos e as pessoas encontram-se e interagem de forma livre e enriquecedora. A opção paisagística de se criar uma praça seca justifica-se pela necessidade de valorizar os objetos de teor patrimonial, presentes na área do projeto, além de valorizar composição do espaço vazio dentro de um entorno extremamente arborizado, sendo, portanto, contraponto da floresta. A praça vazia é a clareira que se valoriza pelo contraste.
Além dos já ditos bens tombados e do mirante, pensou-se, para a praça, na criação de um edifício de apoio com restaurante e bares, trazendo a vida noturna juizforana para o cimo de sua montanha mais célebre.
Todas essas necessidades, vontades, caminhos, percursos, relações e vistas acontecem em um plano austero, asséptico e espacialmente rico: a praça que resume todas as intenções urbanísticas do projeto.
Para reforçar tal austeridade monumental, criaram-se equipamentos urbanos de linhas abstratas e minimalistas, deixando a ênfase espacial sempre voltada para os monumentos já existentes.
PAISAGISMO
Demarcando esses espaços artificialmente construídos e seguindo a mesma linguagem do museu, as áreas revegetadas terão o posicionamento das mudas sempre de forma ortogonal. Dar-se-á preferência às espécies arbóreas de Floresta Tropical, pertencentes à região da Zona da Mata.
Por fim, as intenções projetuais consistem em se criar um espaço seco onde os renques de vegetação construídos são sempre demarcados pelas formas inorgânicas de seus canteiros e pela ortogonalidade do posicionamento de suas árvores.
ARQUITETURA
O Museu da Cidade e a Cidade em Si
De acordo com Hannah Arendt, a polis grega, a Cidade-Estado, a cidade representativa, a cidade comercial burguesa e a cidade de serviços globalizada mantêm implicitamente, na acepção do termo cidade, o conceito de espaço público como elemento fundamental de sua existência.
A cidade, como espaço de propriedade pública, de representação de poder e criação de uma imagem de pertencimento, de livre circulação de mercadorias e de trocas, cria fluxos interconectados, ligando imensos espaços privados. Dessa forma, o espaço que se chama público distancia-se cada vez mais de sua concepção original dada pelos gregos em sua polis.
Juiz de Fora aparece, portanto, como exemplo claro desse fenômeno mundial de privatização do espaço: cercando bairros inteiros, entorno de edifícios públicos, jardins de igreja, canteiros e entradas de prédios, a cidade adota um processo de ‘neo-feudalismo’, extremamente prejudicial para a saúde urbana de seu tecido.
Partindo dessa constatação, o Museu da Cidade surge como uma busca clara do resgate do espaço público, da praça aberta pertencente ao coletivo, cuja função é ser arena onde acontece a relação entre pessoas e objetos.
Tornando o espaço público criado no museu como uma metáfora viva da cidade, essa simbologia intensifica-se ao se observar o lugar onde se insere: o cimo do morro usado como belvedere de uma cidade. Em dialogismo, um objeto encara o reflexo do outro: é o avatar de uma cidade dialogando com a cidade real.
O traçado ladrilhado existente em diversas cidades americanas surge a partir dos espaços representativos e cívicos e, a partir das praças geometricamente desenhadas, surgem as principais vias que darão forma à cidade. Da mesma forma, no projeto apresentado, na configuração da praça principal, acontece um significativo encontro de eixos: nele ocorre a principal relação entre os objetos históricos, a vista principal da cidade, a linha da Rua Halfeld e, por fim, o mirante do São Bernardo.
Sendo adotada uma espécie de proteção à cota zero, esta é substancialmente pública, pois o rés-no-chão tem que ser livre. Assim, uma forte hierarquia é adotada: o privado se desenha sob o público.
As possibilidades de identificação praça-museu e museu-praça, de percepção de continuidades espaciais dentro-fora, em cima-embaixo e da continuidade de circulações possíveis entre praça-museu-praça-museu, permitem a leitura do Museu da Cidade como um protótipo arquitetônico da fita de Möebius: uma possibilidade construtiva que instaura novas qualificações espaciais, permitindo a ocorrência de novas relações entre habitante e espaço urbano. A utopia de um novo topos, o território contínuo.
Dentro desse projeto arquitetônico, buscou-se refletir sobre temas como monumentalidade, função, espaço e luz. Sem deixar de reconhecer o Modernismo como sistema compositivo completo, e externando alguns aspectos históricos como geradores de relações formais, o projeto busca o entendimento de que o passado pode servir como repertório válido e como base de novas explorações, cuja integração é uma sincera forma de preservação.
CONCEITO
O Morro do Imperador, além de sua importância geográfica para a cidade, carrega significados valiosos através da história de sua ocupação: primeiramente, o uso religioso, através de peregrinações e que, antes mesmo da existência do Monumento ao Cristo Redentor, marcaram o território com um Cruzeiro.
O Monumento ao Cristo Redentor, construído em 1906, marca o cinquentenário da emancipação da cidade e, com seu estilo neogótico, um período distinto da Arquitetura. Da mesma forma, a TV Industrial, com suas curvas sinuosas, sua forma inusitada e a estrutura em concreto armado, marca mais um momento crucial da história de Juiz de Fora e da arquitetura.
Com um hiato de meio século, percebe-se que é hora de marcar o topo da montanha mais uma vez, agora com um digno pedestal para as duas obras já consolidadas.
Partindo desse pressuposto, interagindo com reverência, o Museu da Cidade insere-se, conceitualmente, como um suporte imagético às edificações patrimonializadas.
EXPOSIÇÃO
As exposições do Museu da Cidade acontecem de forma linear, seguindo cronologia da história das cidades. Essa concepção torna-se mais clara na Sala de Exposição Cidade Universal onde, embora a cadência da exposição demonstre a evolução das cidades de forma digital, há, ao fundo, a cidade real. O próprio fato de a exposição ser digital facilita essa relação, uma vez que as projeções nas paredes não ocupam espaço, deixando livre o horizonte.
PESQUISA
A parte institucional do Museu da Cidade completa-se com a existência de um grande laboratório de urbanismo, uma espécie de Centro de Pesquisa, com as seguintes funções:
- Atualizar constantemente as exposições digitais do Museu da Cidade;
- Atualizar constantemente a Maquete da Cidade de Juiz de Fora;
- Atender, como Centro de Excelência Acadêmica, a governos, prefeitura, organizações públicas e privadas que desejarem encomendar pesquisas, projetos urbanísticos ou simples consultorias;
- Produzir, periodicamente, workshops, congressos e encontros sobre História, Arquitetura e Urbanismo, aproveitando-se, portanto, da vocação juizforana para a área, com a criação de duas faculdades de Arquitetura e Urbanismo, recém estabelecidas nas últimas duas décadas;
- Funcionar como exposição real propriamente dita, onde estudantes e profissionais da área de Arquitetura e Urbanismo possam visitar e interagir com os pesquisadores e seus trabalhos.
ACERVO
O acervo do Museu da Cidade, salvo a Maquete de Juiz de Fora, é completamente digital. Além disso, ele deve ser constantemente atualizado pelo Centro de Pesquisa, com novidades didáticas e pontos de vista históricos. Dessa forma, o Acervo do Museu é, obrigatoriamente, uma sala com temperatura e umidade controladas, abrigando uma central de processamento de dados, onde esse grande banco digital de dados fica armazenado.
PATRIMÔNIO
PATRIMÔNIOS
Patrimônio Material
O patrimônio material protegido pelo IPHAN, com base em legislações específicas, é composto por um conjunto de bens culturais classificados, segundo sua natureza, nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis (núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais) e bens móveis (coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos).
Os bens culturais materiais tombados podem ser acessados por meio do Arquivo Central do IPHAN, que é o setor responsável pela abertura, guarda e acesso aos processos de tombamento, de entorno e de saída de obras de artes do país. O Arquivo também emite certidões para efeito de prova e inscreve os bens nos Livros do Tombo.
Patrimônio Imaterial
A UNESCO define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".
Transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, o Patrimônio Imaterial gera sentimento de identidade e continuidade, contribuindo, assim, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
HISTÓRICO
Como espaço patrimonial a ser trabalhado pelo grupo, foi escolhida a área do Morro do Imperador.
Morro do Imperador
O nome Morro do Imperador tem sua origem em virtude da visita do Imperador D. Pedro II à cidade, no ano de 1861, quando da inauguração da Rodovia União e Indústria. Na ocasião, em homenagem ao Imperador, foi oferecido um chá no local que, a partir de então, passou a ser conhecido como Morro do Imperador.
Situado a 1492 metros acima do nível do mar, de onde se tem uma das mais belas vistas da cidade, foi, desde a formação do núcleo urbano de Juiz de Fora, no século passado, ponto de encontro para piqueniques e passeios.
Entretanto, como foi exigido pelas diretrizes do projeto, deveria ser escolhido um ou mais patrimônios edificados, levando o grupo a decidir sobre estes dois objetos: o Monumento ao Cristo Redentor e a sede da TV Industrial.
O monumento ao Cristo Redentor
Para marcar a virada do século na cidade e comemorar o fim da gripe espanhola, foi instalado, em 1906, no alto da montanha, um cruzeiro que deveria ser, mais tarde, substituído por um monumento simbolizando o catolicismo, já que significativa parte dos terrenos da região pertenciam à União Católica Pão de Santo Antônio. Construído em posição de destaque, no Morro do Imperador, apresentando características arquitetônicas neogóticas, estilo que influenciou as construções religiosas do período, o edifício caracteriza-se por planta quadrangular e por volumetria marcada pela verticalidade. A imagem do Cristo sobre pedestal, protegido por gradeado em ferro, coroa a composição. O repertório decorativo inclui arcos ogivais, colunas duplas com capitel jônico, vitrais, painéis almofadados e arcaturas e revestimento em bossagem.
A TV Industrial
Além de ser um marco arquitetônico e histórico, é mais um dos inúmeros símbolos do pioneirismo juizforano. No dia 29 de julho de 1964, foi inaugurada a primeira emissora transmissora de imagens, do interior do Brasil. Além de ter sido a primeira emissora da América do Sul a transmitir sua programação através de antena helicoidal, também foi a primeira do interior mineiro a produzir e transmitir programação em cores. Para abrigar a TV Industrial, foi construído um prédio num conhecido ponto turístico de Juiz de Fora: o Morro do Imperador. O engenheiro responsável pela obra, Armando Favatto, idealizou uma construção em forma helicoidal. A emissora findou suas atividades em 1980, quando foi vendida para a Rede Globo de Televisão.
Desses dois edifícios, somente o Monumento ao Cristo Redentor passa por processo de tombamento específico. Quanto à TV Industrial, a lei que vale é o tombamento da própria escarpa do Morro do Imperador. Em termos práticos: há viabilidade para que se proponham mudanças, construções e intervenções, inclusive com relação ao Monumento ao Cristo Redentor, porém qualquer projeto precisa passar irrevogavelmente pelo crivo e pela aprovação de um comitê patrimonial, cujos representantes, de diversos setores da sociedade, decidirão o caráter da intervenção.
Em estado de abandono desde 1980, quando foi comprada pelo grupo Rede Globo de Televisão, somente em 2004, o edifício da TV Industrial recebeu pintura externa em sua fachada frontal.
Tombamento da Visibilidade
Outro bem patrimonial, agora imaterial, possui tombamento específico: a visibilidade que algumas partes centrais da cidade têm do Morro do Imperador. Em termos práticos, algumas áreas do centro de Juiz de Fora são protegidas por leis patrimoniais que restringem a altura máxima do potencial construtivo de seus lotes, impedindo que grandes edifícios sejam construídos muito próximos à formação rochosa.
Mirante como Bem Imaterial
Assim como a visão que a cidade possui do Morro do Imperador é considerada um bem patrimonial, a recíproca é verdadeira. Dessa forma, considerou-se o uso do cume do Morro do Imperador como Mirante, um bem imaterial pertencente aos cidadãos juizforanos. Atualmente esse uso é feito através da laje do antigo restaurante situado no conjunto do Morro.
DIAGNÓSTICO
Monumento Ao Cristo Redentor
Aparentemente, o Monumento encontra-se em bom estado de conservação. Após sofrer restauro, em 2004 (não se sabe se houve acompanhamento de profissionais qualificados), o edifício obteve nova camada de pintura externa e interna, além de alguns ladrilhos originais quebrados ou perdidos terem sido substituídos. Embora novos, esses ladrilhos estão completamente fora do padrão, tanto cromática quanto geometricamente, não havendo nada que remeta à qualidade e ao requinte dos originais. Quanto às questões estruturais, o edifício não apresenta nenhuma rachadura comprometedora nem qualquer sinal de infiltração de água. Externamente, percebe-se a presença de musgos, denotando, principalmente, a inexistência de constante preservação.
Com relação ao contexto urbano em que se insere, não há uma valorização do objeto como um todo, sendo seu campo visual restringido por diversas árvores mal posicionadas e outros equipamentos da Praça Gudesteu Mendes mal distribuídos. Dessa forma, a própria configuração urbana impede uma percepção completa do objeto, traindo seu valor de forma severa.
TV Industrial
Sua estrutura peculiar em concreto armado permanece intacta. Há, inclusive, algumas peculiaridades oriundas ainda do período de sua construção, como a permanência das formas de madeira, próprias para a concretagem, incrustadas dentro da laje. No grande salão onde a estrutura é mista, existem alguns sinais de ferrugem na treliça, entretanto nada estruturalmente comprometedor. Fora isso, nas aberturas dos sheds, onde antes provavelmente havia alguma proteção, atualmente, águas pluviais entram livremente, deixando marcas na parede. Consta que o edifício foi usado esporadicamente, nos últimos anos, como espaço para eventos, uso que aparentemente desgastou o revestimento da alvenaria interna. Por fim, devido ao abandono de mais de 30 anos, sofre grande incidência de pichação e depredação.
Mirante
Além de mal posicionado, a vista proporcionada pelo atual mirante só abarca uma pequena parte da cidade, o que exclui outras vistas de grande interesse para os cidadãos juizforanos. Além disso, o edifício onde ele se encontra, um antigo restaurante desativado, não possui nenhum valor arquitetônico ou histórico.
PROPOSTA
Baseando-se nos princípios da Carta de Atenas, de 1931, que tem como finalidade salvaguardar tanto a obra de arte quanto o seu testemunho histórico, e partindo do pressuposto de proteger a integridade material, imaterial e simbólica desses bens, o projeto toma como defesa patrimonialística as seguintes ações:
Monumento ao Cristo Redentor
Restauração completa e revalorização do Monumento ao Cristo Redentor, através da reconfiguração da praça Gudesteu Mendes, onde ele ganha lugar de destaque máximo, sem a interferência de árvores próximas .
TV Industrial
Restauração completa e revalorização do Edifício da TV Industrial, através do uso como Lobby do Museu, no pavimento subterrâneo, souvenir no térreo, e exposições nos andares superiores, além da já citada reconfiguração da praça Gudesteu Mendes.
Mirante
Destituído de caráter histórico ou arquitetônico de peso, embora o atual edifício do restaurante seja descartado na composição final do projeto, seu uso como mirante permanece protegido. Através da configuração da nova praça, além da existência de um mirante central maior e mais organizado espacialmente, propõe-se a multiplicação dessa visibilidade com a criação de mais dois mirantes laterais: um voltado para o sul, e outro, para o norte. Essa configuração permite que o belvedere juizforano alcance o máximo de horizonte possível, contemplando grande parte da cidade com suas visadas.
O RESGATE DA ANTENA
Outra fonte grave de poluição visual diagnosticada no topo do Morro do Imperador são as antenas de Celular, Internet, Rádio e Televisão, todas espalhadas pelo cume da montanha e área próxima do projeto.
Embora seu uso seja indispensável, já que seria um grave atentado contra a cidade proibir tais equipamentos que viabilizam a comunicação, a relação e a conexão entre as pessoas, deve-se questionar a forma como acontece atualmente, levando a cidade a perder duplamente: primeiro, na composição estética da vista do Morro do Imperador; segundo, devido ao uso de solo, de forma que antenas no cume da montanha retalham o espaço público em diversos segmentos inutilizáveis, privando a população de espaços interessantes.
Através de pesquisa, o grupo descobriu a existência de uma antiga antena helicoidal que coroava o edifício da TV Industrial, de forma elegante, dando importância e dignidade ao conjunto.
Através de uma consultoria feita com alunos de Engenharia de Telecom da FET – CES, constatou-se a possibilidade de uma torre que atendesse a toda demanda existente de frequências, alturas e tipos de antena. Trata-se de uma prática adotada em diversas cidades do mundo. Dessa forma, ao mesmo tempo em que se limpa o cume do Morro do Imperador, devolve a importância que o antigo edifício possuía.
O ANEXO E AS INTERFERENCIAS ESPACIAIS DO MUSEU PROPOSTO
Para que o uso do espaço proposto fosse completamente adequado e interessante para a sociedade, foi necessária a interferência de algumas edificações novas, de forma mais direta, no entorno referente aos edifícios tombados. Entretanto, adverte-se que essa interferência acontece de forma coerente, seguindo os artigos já citados da Carta de Veneza, além de diretrizes pré-estabelecidas pela própria dupla. Existem dois edifícios em questão:
Edifício de Apoio
Com o objetivo de configurar um interessante espaço interno / externo com a própria praça, a construção do Edifício de Apoio assume funções comerciais e de lazer, tais como abrigar restaurante e bares, além de possuir uma cobertura que funciona como mirante: simultaneamente, contempla-se a praça Monumental e a belvedere da Zona Norte de Juiz de Fora, não contemplada pelo atual mirante.
Anexo à TV Industrial
A edificação é de crucial importância para o metabolismo do museu. De circulação vertical, essa torre conecta a TV Industrial ao edifício proposto, tornando todos os seus pisos acessíveis aos portadores de deficiência, de acordo com as normas exigidas pelas leis brasileiras. Para que o edifício não infrinja nenhuma diretriz patrimonial proposta pelo IPHAN ou pela UNESCO, algumas precauções serão tomadas: além de ser uma ação reversível, a intervenção possibilita o uso total do edifício tombado, dando-lhe fins sociais úteis, além de propiciar a principal e mais duradoura forma de preservação, que é a função social.
PROCESSO LEGAL REFERENTE À ÁREA ESCOLHIDA
DECRETO Nº 4312 - de 24 de maio de 1990
Art. 1º - Fica tombado o "Morro do Redentor", em suas vertentes setentrional oriental conforme planta e descrição anexas a este decreto.
Art. 2º - Ficam tombados os aspectos paisagísticos constituídos pela formação rochoso e a mata composta de árvores de porte médio e alto, arbustos, plantas epífetas e vegetação rasteira.
Art. 3º - Ficam sujeitos ao prévio exame e aprovação da Comissão Permanente Técnica Cultural todos os projetos relativos a telecomunicações e infraestrutura de apoio,com finalidade de utilização pública do local onde hoje se encontra o "Monumento ao Cristo Redentor" seu entorno delimitada a área pela curva de nível de cota 944.
Art. 4º - Ficam sujeitos ao prévio exame e aprovação da Comissão Permanente Técnico Cultural,todos os projetos relacionados com a vizinhança da área tombada, delimitada
da planta anexa a este decreto, a fim de proteger sua visibilidade e ambiência.
Art. 5º - Fica tombado o "Monumento ao Cristo Redentor".
LEI Nº 9204 - de 15 de janeiro de 1998
Art.1º - Fica definida como Zona Especial, de acordo com o art.11 da Lei nº6910, de 31 de maio de 1986, a área de vizinhança do "Morro do Imperador", tombado nos termos do Decreto nº4312,..., e a respectiva visibilidade, referida no Decreto nº4223 de 10 de novembro de 1989, que "Dispõe Sobre o Tombamento do Parque Halfeld“.
CARTA DE VENEZA
Artigos referentes ao projeto
Art.5 - A conservação dos monumentos é sempre facilitada pela sua utilização para fins sociais úteis. Esta utilização, embora desejável, não deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É apenas dentro destes limites que as modificações que seja necessário efetuar poderão ser admitidas.
Art.6 - A conservação de um monumento implica a manutenção de um espaço envolvente devidamente proporcionado. Sempre que o espaço envolvente tradicional subsista, deve ser conservado, não devendo ser permitidas quaisquer novas construções, demolições ou modificações que possam alterar as relações volumétricas e cromáticas.
Art.7 - Um monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que está inserido. A remoção do todo ou de parte do monumento não deve ser permitida, exceto quando tal seja exigido para a conservação desse monumento ou por razões de grande interesse nacional ou internacional.
Art.13 - Não é permitida a realização de acrescentos que não respeitem todas as partes importantes do edifício, o equilíbrio da sua composição e a sua relação com o ambiente circundante.
INTERIORES
RELAÇÃO INTERNO / EXTERNO
Em diversos momentos do projeto, buscou-se uma relação intrínseca entre os espaços internos e externos, naturais ou criados, para que essa integração trouxesse certa unidade ao museu.
Além da Sala de Exposição Cidade Juiz de Fora, que é onde essa integração acontece de forma plena e absoluta, onde a cidade real se torna acervo, alguns pontos são destacados por serem espaços internos que possuem uma relação profunda com o externo por suas vistas privilegiadas: a "Sala da Maquete de Juiz de Fora e o próprio Corredor de Exposição de Cidades Convidadas.
Além dessas relações mais diretas feitas por aberturas verticais, da espacialidade externa para a interna, existem alguns pontos onde as relações são mais singelas e imperceptíveis, porém não menos interessantes: o mastro de sustentação da antena, tão visível no exterior, transforma-se em diagramador natural de espaços internos do edifício da TV Industrial, de espaços memorialísticos do Monumento ao Morro do Imperador, da própria TV Industrial e da Loja do Museu, no térreo; a luz solar que incide sobre a capela subterrânea, todo dia 13 de junho, às doze horas. E também a relação contrária, que é a interferência da espacialidade interna, o Anexo da TV Industrial, para a espacialidade externa da praça.
REVESTIMENTOS
Como o importante é o acervo vivo que abriga, o interior do museu desempenha seu papel de coadjuvante, com linguagem limpa e distinta: o revestimento do piso são placas de ardósia preta, as paredes são de alvenaria comum pintada de tinta branca, e o teto é de gesso acartonado, com especificidade para o teto da Sala de Exposição Cidade de Juiz de Fora, devidamente especificado nos desenhos técnicos da prancha.
O PERCURSO DO VISITANTE E OS ESPAÇOS EXPOSITIVOS
O lobby
O primeiro espaço de contato do visitante com o espaço interno do Museu da Cidade é o lobby: ambiente diagramador, por onde o visitante pode decidir sobre visitar o museu, ir para o auditório, ou simplesmente ir para a praça. Além disso, através de sua plataforma e dos elevadores do anexo, o lobby desempenha a importante função de permitir o acesso universal a qualquer nível do museu.
Pensando pelo viés patrimonialístico, lidou-se com uma edificação do período da arquitetura moderna, cujo grande protagonista é o espaço. Portanto, como medida patrimonial, buscou-se valorizar, ao máximo, a espacialidade do edifício, criada por seu formato côncavo e pela forma com que a luz adentra a cave. Nesse sentido, o lobby é o amálgama de toda a espacialidade da TV, abarcando toda a sua importância simbólica, histórica, arquitetônica e, agora, também funcional.
Sala de Exposição da Cidade Universal
Remetendo a grandes salões de exposição onde a cadência vertical leva o espectador a um percurso sugerido, porém nunca obrigatório, a Sala de Exposições da Cidade Universal funciona como uma própria metáfora da história, onde uma versão nunca é a única, e as interpretações são diversas.
A única lei que impera, independente da interpretação ou do percurso, é a cadência, que nada mais é que o passar inexorável e irremediável do tempo, trazendo novas relações e cidades, a cada nova era da humanidade.
Assim, dessa livre forma didática adotada, o espectador desce a sala por suas rampas labirínticas, aprendendo sobre o surgimento desta, que é a mais importante invenção humana na Terra: a cidade. Tal percurso, sempre acompanhado pela existência de uma cidade real no horizonte, culmina de forma catártica, na Sala de Exposição da Cidade de Juiz de Fora, onde o acervo é a própria cidade.
Sala de Exposição da Cidade de Juiz de Fora
Ápice Central do Museu, esse grande salão tem como objetivo primordial conectar o espectador a Juiz de Fora, de uma forma clara e objetiva, tratando de assuntos urbanos históricos e atuais, sempre de forma transparente e dinâmica, através de todo o aparato digital do qual é formado o suporte do acervo.
Antes de tudo, esse ambiente expositivo é uma grande área de permanência, com todo suporte necessário para que o espectador tenha momentos agradáveis e calmos, enquanto aprende sobre a cidade e contempla a vista de seu inspirador horizonte.
Corredor de Exposição de Cidades Convidadas
Conector entre a Sala de Exposição Cidade Juiz de Fora e a Sala de Maquete de Juiz de Fora, o corredor faz um significativo contraponto entre a rocha crua da montanha e a paisagem da cidade, que continua a acompanhar o visitante. Essa parte do museu é dedicada a exposições temporárias, abrigando painéis expositivos que contam a história de uma cidade convidada, como a história de Barcelona, Paris ou Brasília, por exemplo. Essas exposições temporárias consistem numa forma de homenagear cidades relevantes, como Paris, no Ano da França no Brasil, ou Berlim, que atualmente comemora vinte anos da queda de seu fatídico muro.
Sala de Exposição da Maquete de Juiz de Fora
Espaço voltado principalmente para leigos e crianças, a sala da Maquete de Juiz de Fora possui um grande modelo físico da cidade, construído minuciosa e constantemente atualizado pelos pesquisadores do museu. Essa maquete, além de ser um link de interesse para a população, é um laboratório vivo, um estudo volumétrico da cidade que pode ser acessado e estudado por todos.
A bilocação de Santo Antônio
A cadência da Sala de “Exposição da Cidade Universal” é, em certo momento, interrompida pela projeção subterrânea do Monumento ao Cristo Redentor. Tal evento é necessário não só pelo viés estrutural, mas também por questões patrimoniais, simbólicas e lúdicas.
A intenção do projeto é proteger e valorizar toda a projeção subterrânea do Monumento. Assim como os espaços aéreos são protegidos, bilocar a pequena capela é multiplicar seu significado histórico e religioso. Santo Antonio de Pádua tem importância crucial para a cultura religiosa da cidade por ser dela padroeiro. Esse personagem da hagiografia católica, portanto, é resgatado pelo museu, ao ser homenageado por sua capela subterrânea.
No concreto acima da capela, direcionada ao céu, há uma fenda por onde passam raios de luz solar que tocam a cruz, exatamente às doze horas do dia 13 de junho, dia do padroeiro. Como Santo Antonio é o único, entre todos os santos a ter feito o milagre da bilocação, essa luz coroa a duplicação da capela.
Dessa forma, de maneira singela e sofisticada, une-se o uso religioso mais antigo da montanha ao uso mais novo do museu, sempre com a vista de Juiz de Fora ao fundo.
Suportes de apresentação da Sala Exposição de Juiz de Fora
Pensando na total interatividade do visitante com o objeto exposto, foi desenvolvido um móvel capaz de atender a todas essas necessidades.
Partindo da tecnologia Touch Screen, criada para que o espectador interaja com imagens projetadas através do toque, os suportes dão apoio para que os visitantes assumam o comando da ordem, velocidade e direcionamento das apresentações.
Tais suportes tanto podem fazer apresentações correlacionadas com a cidade real, como podem apresentar temas desconexos, dependendo do direcionamento que o visitante desejar.
Sobre a tecnologia Touch Screen
Aplicada em uma tela de vidro, a película transparente com a tecnologia touch screen cria painéis interativos: sensíveis a um simples toque na tela, permitem projeções e interações com qualquer tipo de conteúdo digital. Prescindindo de qualquer software especial de criação, o sistema reconhece este toque como sendo o mouse do computador, de forma que o usuário tem total acesso ao conteúdo do computador na ponta de seus dedos.
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
PROPOSTA URBANÍSTICA E PAISAGÍSTICA
Analisando a situação urbana de forma objetiva, o acesso ao Museu da Cidade se dá por duas vias principais: a Trilha do Tostão e a Rua Engenheiro Gentil Fortes. A área de estacionamento, as plataformas de acesso e as escadas externas estabelecem uma promenade architecturale da estrada para o átrio coberto da entrada.
Além disso, o estacionamento proposto exerce a dupla função de suprir a demanda de vagas para oitenta carros particulares e facilitar, através de uma grande rotatória para ônibus, táxis e outros transportes públicos, não só o acesso de todas as classes, mas também a relação dinâmica com a malha urbana juizforana.
O acesso à praça Patrimonial pela trilha do Tostão permanece como se encontra atualmente. Já a situação para quem chega ao Museu pela rua Engenheiro Gentil Fortes passa por uma pequena mudança: a chegada à praça tanto pode acontecer de forma pedonal, pelas escadarias, quanto pelo próprio interior da TV Industrial, que funcionará como lobby do Museu, agindo como um grande diagramador de rotas. Essa dualidade de percursos é importante porque, além de multiplicar as possibilidades de descobertas espaciais, conectando o espaço interno do museu ao externo da praça, torna o acesso à praça possível a qualquer portador de necessidades especiais.
O Museu, mesmo possuindo dependências espalhadas e interconectadas por todo o cimo do morro, tem todas as entradas e saídas concentradas no lobby localizado no edifício da TV Industrial. Dessa forma, há uma otimização da organização de fluxos e, ao mesmo tempo, maior interatividade entre o espaço museográfico e a praça.
A praça, na verdade, é uma arena livre: nela, os edifícios históricos, as vistas da cidade, os caminhos e as pessoas encontram-se e interagem de forma livre e enriquecedora. A opção paisagística de se criar uma praça seca justifica-se pela necessidade de valorizar os objetos de teor patrimonial, presentes na área do projeto, além de valorizar composição do espaço vazio dentro de um entorno extremamente arborizado, sendo, portanto, contraponto da floresta. A praça vazia é a clareira que se valoriza pelo contraste.
Além dos já ditos bens tombados e do mirante, pensou-se, para a praça, na criação de um edifício de apoio com restaurante e bares, trazendo a vida noturna juizforana para o cimo de sua montanha mais célebre.
Todas essas necessidades, vontades, caminhos, percursos, relações e vistas acontecem em um plano austero, asséptico e espacialmente rico: a praça que resume todas as intenções urbanísticas do projeto.
Para reforçar tal austeridade monumental, criaram-se equipamentos urbanos de linhas abstratas e minimalistas, deixando a ênfase espacial sempre voltada para os monumentos já existentes.
PAISAGISMO
Demarcando esses espaços artificialmente construídos e seguindo a mesma linguagem do museu, as áreas revegetadas terão o posicionamento das mudas sempre de forma ortogonal. Dar-se-á preferência às espécies arbóreas de Floresta Tropical, pertencentes à região da Zona da Mata.
Por fim, as intenções projetuais consistem em se criar um espaço seco onde os renques de vegetação construídos são sempre demarcados pelas formas inorgânicas de seus canteiros e pela ortogonalidade do posicionamento de suas árvores.
ARQUITETURA
O Museu da Cidade e a Cidade em Si
De acordo com Hannah Arendt, a polis grega, a Cidade-Estado, a cidade representativa, a cidade comercial burguesa e a cidade de serviços globalizada mantêm implicitamente, na acepção do termo cidade, o conceito de espaço público como elemento fundamental de sua existência.
A cidade, como espaço de propriedade pública, de representação de poder e criação de uma imagem de pertencimento, de livre circulação de mercadorias e de trocas, cria fluxos interconectados, ligando imensos espaços privados. Dessa forma, o espaço que se chama público distancia-se cada vez mais de sua concepção original dada pelos gregos em sua polis.
Juiz de Fora aparece, portanto, como exemplo claro desse fenômeno mundial de privatização do espaço: cercando bairros inteiros, entorno de edifícios públicos, jardins de igreja, canteiros e entradas de prédios, a cidade adota um processo de ‘neo-feudalismo’, extremamente prejudicial para a saúde urbana de seu tecido.
Partindo dessa constatação, o Museu da Cidade surge como uma busca clara do resgate do espaço público, da praça aberta pertencente ao coletivo, cuja função é ser arena onde acontece a relação entre pessoas e objetos.
Tornando o espaço público criado no museu como uma metáfora viva da cidade, essa simbologia intensifica-se ao se observar o lugar onde se insere: o cimo do morro usado como belvedere de uma cidade. Em dialogismo, um objeto encara o reflexo do outro: é o avatar de uma cidade dialogando com a cidade real.
O traçado ladrilhado existente em diversas cidades americanas surge a partir dos espaços representativos e cívicos e, a partir das praças geometricamente desenhadas, surgem as principais vias que darão forma à cidade. Da mesma forma, no projeto apresentado, na configuração da praça principal, acontece um significativo encontro de eixos: nele ocorre a principal relação entre os objetos históricos, a vista principal da cidade, a linha da Rua Halfeld e, por fim, o mirante do São Bernardo.
Sendo adotada uma espécie de proteção à cota zero, esta é substancialmente pública, pois o rés-no-chão tem que ser livre. Assim, uma forte hierarquia é adotada: o privado se desenha sob o público.
As possibilidades de identificação praça-museu e museu-praça, de percepção de continuidades espaciais dentro-fora, em cima-embaixo e da continuidade de circulações possíveis entre praça-museu-praça-museu, permitem a leitura do Museu da Cidade como um protótipo arquitetônico da fita de Möebius: uma possibilidade construtiva que instaura novas qualificações espaciais, permitindo a ocorrência de novas relações entre habitante e espaço urbano. A utopia de um novo topos, o território contínuo.
Dentro desse projeto arquitetônico, buscou-se refletir sobre temas como monumentalidade, função, espaço e luz. Sem deixar de reconhecer o Modernismo como sistema compositivo completo, e externando alguns aspectos históricos como geradores de relações formais, o projeto busca o entendimento de que o passado pode servir como repertório válido e como base de novas explorações, cuja integração é uma sincera forma de preservação.
CONCEITO
O Morro do Imperador, além de sua importância geográfica para a cidade, carrega significados valiosos através da história de sua ocupação: primeiramente, o uso religioso, através de peregrinações e que, antes mesmo da existência do Monumento ao Cristo Redentor, marcaram o território com um Cruzeiro.
O Monumento ao Cristo Redentor, construído em 1906, marca o cinquentenário da emancipação da cidade e, com seu estilo neogótico, um período distinto da Arquitetura. Da mesma forma, a TV Industrial, com suas curvas sinuosas, sua forma inusitada e a estrutura em concreto armado, marca mais um momento crucial da história de Juiz de Fora e da arquitetura.
Com um hiato de meio século, percebe-se que é hora de marcar o topo da montanha mais uma vez, agora com um digno pedestal para as duas obras já consolidadas.
Partindo desse pressuposto, interagindo com reverência, o Museu da Cidade insere-se, conceitualmente, como um suporte imagético às edificações patrimonializadas.
EXPOSIÇÃO
As exposições do Museu da Cidade acontecem de forma linear, seguindo cronologia da história das cidades. Essa concepção torna-se mais clara na Sala de Exposição Cidade Universal onde, embora a cadência da exposição demonstre a evolução das cidades de forma digital, há, ao fundo, a cidade real. O próprio fato de a exposição ser digital facilita essa relação, uma vez que as projeções nas paredes não ocupam espaço, deixando livre o horizonte.
PESQUISA
A parte institucional do Museu da Cidade completa-se com a existência de um grande laboratório de urbanismo, uma espécie de Centro de Pesquisa, com as seguintes funções:
- Atualizar constantemente as exposições digitais do Museu da Cidade;
- Atualizar constantemente a Maquete da Cidade de Juiz de Fora;
- Atender, como Centro de Excelência Acadêmica, a governos, prefeitura, organizações públicas e privadas que desejarem encomendar pesquisas, projetos urbanísticos ou simples consultorias;
- Produzir, periodicamente, workshops, congressos e encontros sobre História, Arquitetura e Urbanismo, aproveitando-se, portanto, da vocação juizforana para a área, com a criação de duas faculdades de Arquitetura e Urbanismo, recém estabelecidas nas últimas duas décadas;
- Funcionar como exposição real propriamente dita, onde estudantes e profissionais da área de Arquitetura e Urbanismo possam visitar e interagir com os pesquisadores e seus trabalhos.
ACERVO
O acervo do Museu da Cidade, salvo a Maquete de Juiz de Fora, é completamente digital. Além disso, ele deve ser constantemente atualizado pelo Centro de Pesquisa, com novidades didáticas e pontos de vista históricos. Dessa forma, o Acervo do Museu é, obrigatoriamente, uma sala com temperatura e umidade controladas, abrigando uma central de processamento de dados, onde esse grande banco digital de dados fica armazenado.
PATRIMÔNIO
PATRIMÔNIOS
Patrimônio Material
O patrimônio material protegido pelo IPHAN, com base em legislações específicas, é composto por um conjunto de bens culturais classificados, segundo sua natureza, nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis (núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais) e bens móveis (coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos).
Os bens culturais materiais tombados podem ser acessados por meio do Arquivo Central do IPHAN, que é o setor responsável pela abertura, guarda e acesso aos processos de tombamento, de entorno e de saída de obras de artes do país. O Arquivo também emite certidões para efeito de prova e inscreve os bens nos Livros do Tombo.
Patrimônio Imaterial
A UNESCO define como Patrimônio Cultural Imaterial "as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural".
Transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos, em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, o Patrimônio Imaterial gera sentimento de identidade e continuidade, contribuindo, assim, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.
HISTÓRICO
Como espaço patrimonial a ser trabalhado pelo grupo, foi escolhida a área do Morro do Imperador.
Morro do Imperador
O nome Morro do Imperador tem sua origem em virtude da visita do Imperador D. Pedro II à cidade, no ano de 1861, quando da inauguração da Rodovia União e Indústria. Na ocasião, em homenagem ao Imperador, foi oferecido um chá no local que, a partir de então, passou a ser conhecido como Morro do Imperador.
Situado a 1492 metros acima do nível do mar, de onde se tem uma das mais belas vistas da cidade, foi, desde a formação do núcleo urbano de Juiz de Fora, no século passado, ponto de encontro para piqueniques e passeios.
Entretanto, como foi exigido pelas diretrizes do projeto, deveria ser escolhido um ou mais patrimônios edificados, levando o grupo a decidir sobre estes dois objetos: o Monumento ao Cristo Redentor e a sede da TV Industrial.
O monumento ao Cristo Redentor
Para marcar a virada do século na cidade e comemorar o fim da gripe espanhola, foi instalado, em 1906, no alto da montanha, um cruzeiro que deveria ser, mais tarde, substituído por um monumento simbolizando o catolicismo, já que significativa parte dos terrenos da região pertenciam à União Católica Pão de Santo Antônio. Construído em posição de destaque, no Morro do Imperador, apresentando características arquitetônicas neogóticas, estilo que influenciou as construções religiosas do período, o edifício caracteriza-se por planta quadrangular e por volumetria marcada pela verticalidade. A imagem do Cristo sobre pedestal, protegido por gradeado em ferro, coroa a composição. O repertório decorativo inclui arcos ogivais, colunas duplas com capitel jônico, vitrais, painéis almofadados e arcaturas e revestimento em bossagem.
A TV Industrial
Além de ser um marco arquitetônico e histórico, é mais um dos inúmeros símbolos do pioneirismo juizforano. No dia 29 de julho de 1964, foi inaugurada a primeira emissora transmissora de imagens, do interior do Brasil. Além de ter sido a primeira emissora da América do Sul a transmitir sua programação através de antena helicoidal, também foi a primeira do interior mineiro a produzir e transmitir programação em cores. Para abrigar a TV Industrial, foi construído um prédio num conhecido ponto turístico de Juiz de Fora: o Morro do Imperador. O engenheiro responsável pela obra, Armando Favatto, idealizou uma construção em forma helicoidal. A emissora findou suas atividades em 1980, quando foi vendida para a Rede Globo de Televisão.
Desses dois edifícios, somente o Monumento ao Cristo Redentor passa por processo de tombamento específico. Quanto à TV Industrial, a lei que vale é o tombamento da própria escarpa do Morro do Imperador. Em termos práticos: há viabilidade para que se proponham mudanças, construções e intervenções, inclusive com relação ao Monumento ao Cristo Redentor, porém qualquer projeto precisa passar irrevogavelmente pelo crivo e pela aprovação de um comitê patrimonial, cujos representantes, de diversos setores da sociedade, decidirão o caráter da intervenção.
Em estado de abandono desde 1980, quando foi comprada pelo grupo Rede Globo de Televisão, somente em 2004, o edifício da TV Industrial recebeu pintura externa em sua fachada frontal.
Tombamento da Visibilidade
Outro bem patrimonial, agora imaterial, possui tombamento específico: a visibilidade que algumas partes centrais da cidade têm do Morro do Imperador. Em termos práticos, algumas áreas do centro de Juiz de Fora são protegidas por leis patrimoniais que restringem a altura máxima do potencial construtivo de seus lotes, impedindo que grandes edifícios sejam construídos muito próximos à formação rochosa.
Mirante como Bem Imaterial
Assim como a visão que a cidade possui do Morro do Imperador é considerada um bem patrimonial, a recíproca é verdadeira. Dessa forma, considerou-se o uso do cume do Morro do Imperador como Mirante, um bem imaterial pertencente aos cidadãos juizforanos. Atualmente esse uso é feito através da laje do antigo restaurante situado no conjunto do Morro.
DIAGNÓSTICO
Monumento Ao Cristo Redentor
Aparentemente, o Monumento encontra-se em bom estado de conservação. Após sofrer restauro, em 2004 (não se sabe se houve acompanhamento de profissionais qualificados), o edifício obteve nova camada de pintura externa e interna, além de alguns ladrilhos originais quebrados ou perdidos terem sido substituídos. Embora novos, esses ladrilhos estão completamente fora do padrão, tanto cromática quanto geometricamente, não havendo nada que remeta à qualidade e ao requinte dos originais. Quanto às questões estruturais, o edifício não apresenta nenhuma rachadura comprometedora nem qualquer sinal de infiltração de água. Externamente, percebe-se a presença de musgos, denotando, principalmente, a inexistência de constante preservação.
Com relação ao contexto urbano em que se insere, não há uma valorização do objeto como um todo, sendo seu campo visual restringido por diversas árvores mal posicionadas e outros equipamentos da Praça Gudesteu Mendes mal distribuídos. Dessa forma, a própria configuração urbana impede uma percepção completa do objeto, traindo seu valor de forma severa.
TV Industrial
Sua estrutura peculiar em concreto armado permanece intacta. Há, inclusive, algumas peculiaridades oriundas ainda do período de sua construção, como a permanência das formas de madeira, próprias para a concretagem, incrustadas dentro da laje. No grande salão onde a estrutura é mista, existem alguns sinais de ferrugem na treliça, entretanto nada estruturalmente comprometedor. Fora isso, nas aberturas dos sheds, onde antes provavelmente havia alguma proteção, atualmente, águas pluviais entram livremente, deixando marcas na parede. Consta que o edifício foi usado esporadicamente, nos últimos anos, como espaço para eventos, uso que aparentemente desgastou o revestimento da alvenaria interna. Por fim, devido ao abandono de mais de 30 anos, sofre grande incidência de pichação e depredação.
Mirante
Além de mal posicionado, a vista proporcionada pelo atual mirante só abarca uma pequena parte da cidade, o que exclui outras vistas de grande interesse para os cidadãos juizforanos. Além disso, o edifício onde ele se encontra, um antigo restaurante desativado, não possui nenhum valor arquitetônico ou histórico.
PROPOSTA
Baseando-se nos princípios da Carta de Atenas, de 1931, que tem como finalidade salvaguardar tanto a obra de arte quanto o seu testemunho histórico, e partindo do pressuposto de proteger a integridade material, imaterial e simbólica desses bens, o projeto toma como defesa patrimonialística as seguintes ações:
Monumento ao Cristo Redentor
Restauração completa e revalorização do Monumento ao Cristo Redentor, através da reconfiguração da praça Gudesteu Mendes, onde ele ganha lugar de destaque máximo, sem a interferência de árvores próximas .
TV Industrial
Restauração completa e revalorização do Edifício da TV Industrial, através do uso como Lobby do Museu, no pavimento subterrâneo, souvenir no térreo, e exposições nos andares superiores, além da já citada reconfiguração da praça Gudesteu Mendes.
Mirante
Destituído de caráter histórico ou arquitetônico de peso, embora o atual edifício do restaurante seja descartado na composição final do projeto, seu uso como mirante permanece protegido. Através da configuração da nova praça, além da existência de um mirante central maior e mais organizado espacialmente, propõe-se a multiplicação dessa visibilidade com a criação de mais dois mirantes laterais: um voltado para o sul, e outro, para o norte. Essa configuração permite que o belvedere juizforano alcance o máximo de horizonte possível, contemplando grande parte da cidade com suas visadas.
O RESGATE DA ANTENA
Outra fonte grave de poluição visual diagnosticada no topo do Morro do Imperador são as antenas de Celular, Internet, Rádio e Televisão, todas espalhadas pelo cume da montanha e área próxima do projeto.
Embora seu uso seja indispensável, já que seria um grave atentado contra a cidade proibir tais equipamentos que viabilizam a comunicação, a relação e a conexão entre as pessoas, deve-se questionar a forma como acontece atualmente, levando a cidade a perder duplamente: primeiro, na composição estética da vista do Morro do Imperador; segundo, devido ao uso de solo, de forma que antenas no cume da montanha retalham o espaço público em diversos segmentos inutilizáveis, privando a população de espaços interessantes.
Através de pesquisa, o grupo descobriu a existência de uma antiga antena helicoidal que coroava o edifício da TV Industrial, de forma elegante, dando importância e dignidade ao conjunto.
Através de uma consultoria feita com alunos de Engenharia de Telecom da FET – CES, constatou-se a possibilidade de uma torre que atendesse a toda demanda existente de frequências, alturas e tipos de antena. Trata-se de uma prática adotada em diversas cidades do mundo. Dessa forma, ao mesmo tempo em que se limpa o cume do Morro do Imperador, devolve a importância que o antigo edifício possuía.
O ANEXO E AS INTERFERENCIAS ESPACIAIS DO MUSEU PROPOSTO
Para que o uso do espaço proposto fosse completamente adequado e interessante para a sociedade, foi necessária a interferência de algumas edificações novas, de forma mais direta, no entorno referente aos edifícios tombados. Entretanto, adverte-se que essa interferência acontece de forma coerente, seguindo os artigos já citados da Carta de Veneza, além de diretrizes pré-estabelecidas pela própria dupla. Existem dois edifícios em questão:
Edifício de Apoio
Com o objetivo de configurar um interessante espaço interno / externo com a própria praça, a construção do Edifício de Apoio assume funções comerciais e de lazer, tais como abrigar restaurante e bares, além de possuir uma cobertura que funciona como mirante: simultaneamente, contempla-se a praça Monumental e a belvedere da Zona Norte de Juiz de Fora, não contemplada pelo atual mirante.
Anexo à TV Industrial
A edificação é de crucial importância para o metabolismo do museu. De circulação vertical, essa torre conecta a TV Industrial ao edifício proposto, tornando todos os seus pisos acessíveis aos portadores de deficiência, de acordo com as normas exigidas pelas leis brasileiras. Para que o edifício não infrinja nenhuma diretriz patrimonial proposta pelo IPHAN ou pela UNESCO, algumas precauções serão tomadas: além de ser uma ação reversível, a intervenção possibilita o uso total do edifício tombado, dando-lhe fins sociais úteis, além de propiciar a principal e mais duradoura forma de preservação, que é a função social.
PROCESSO LEGAL REFERENTE À ÁREA ESCOLHIDA
DECRETO Nº 4312 - de 24 de maio de 1990
Art. 1º - Fica tombado o "Morro do Redentor", em suas vertentes setentrional oriental conforme planta e descrição anexas a este decreto.
Art. 2º - Ficam tombados os aspectos paisagísticos constituídos pela formação rochoso e a mata composta de árvores de porte médio e alto, arbustos, plantas epífetas e vegetação rasteira.
Art. 3º - Ficam sujeitos ao prévio exame e aprovação da Comissão Permanente Técnica Cultural todos os projetos relativos a telecomunicações e infraestrutura de apoio,com finalidade de utilização pública do local onde hoje se encontra o "Monumento ao Cristo Redentor" seu entorno delimitada a área pela curva de nível de cota 944.
Art. 4º - Ficam sujeitos ao prévio exame e aprovação da Comissão Permanente Técnico Cultural,todos os projetos relacionados com a vizinhança da área tombada, delimitada
da planta anexa a este decreto, a fim de proteger sua visibilidade e ambiência.
Art. 5º - Fica tombado o "Monumento ao Cristo Redentor".
LEI Nº 9204 - de 15 de janeiro de 1998
Art.1º - Fica definida como Zona Especial, de acordo com o art.11 da Lei nº6910, de 31 de maio de 1986, a área de vizinhança do "Morro do Imperador", tombado nos termos do Decreto nº4312,..., e a respectiva visibilidade, referida no Decreto nº4223 de 10 de novembro de 1989, que "Dispõe Sobre o Tombamento do Parque Halfeld“.
CARTA DE VENEZA
Artigos referentes ao projeto
Art.5 - A conservação dos monumentos é sempre facilitada pela sua utilização para fins sociais úteis. Esta utilização, embora desejável, não deve alterar a disposição ou a decoração dos edifícios. É apenas dentro destes limites que as modificações que seja necessário efetuar poderão ser admitidas.
Art.6 - A conservação de um monumento implica a manutenção de um espaço envolvente devidamente proporcionado. Sempre que o espaço envolvente tradicional subsista, deve ser conservado, não devendo ser permitidas quaisquer novas construções, demolições ou modificações que possam alterar as relações volumétricas e cromáticas.
Art.7 - Um monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que está inserido. A remoção do todo ou de parte do monumento não deve ser permitida, exceto quando tal seja exigido para a conservação desse monumento ou por razões de grande interesse nacional ou internacional.
Art.13 - Não é permitida a realização de acrescentos que não respeitem todas as partes importantes do edifício, o equilíbrio da sua composição e a sua relação com o ambiente circundante.
INTERIORES
RELAÇÃO INTERNO / EXTERNO
Em diversos momentos do projeto, buscou-se uma relação intrínseca entre os espaços internos e externos, naturais ou criados, para que essa integração trouxesse certa unidade ao museu.
Além da Sala de Exposição Cidade Juiz de Fora, que é onde essa integração acontece de forma plena e absoluta, onde a cidade real se torna acervo, alguns pontos são destacados por serem espaços internos que possuem uma relação profunda com o externo por suas vistas privilegiadas: a "Sala da Maquete de Juiz de Fora e o próprio Corredor de Exposição de Cidades Convidadas.
Além dessas relações mais diretas feitas por aberturas verticais, da espacialidade externa para a interna, existem alguns pontos onde as relações são mais singelas e imperceptíveis, porém não menos interessantes: o mastro de sustentação da antena, tão visível no exterior, transforma-se em diagramador natural de espaços internos do edifício da TV Industrial, de espaços memorialísticos do Monumento ao Morro do Imperador, da própria TV Industrial e da Loja do Museu, no térreo; a luz solar que incide sobre a capela subterrânea, todo dia 13 de junho, às doze horas. E também a relação contrária, que é a interferência da espacialidade interna, o Anexo da TV Industrial, para a espacialidade externa da praça.
REVESTIMENTOS
Como o importante é o acervo vivo que abriga, o interior do museu desempenha seu papel de coadjuvante, com linguagem limpa e distinta: o revestimento do piso são placas de ardósia preta, as paredes são de alvenaria comum pintada de tinta branca, e o teto é de gesso acartonado, com especificidade para o teto da Sala de Exposição Cidade de Juiz de Fora, devidamente especificado nos desenhos técnicos da prancha.
O PERCURSO DO VISITANTE E OS ESPAÇOS EXPOSITIVOS
O lobby
O primeiro espaço de contato do visitante com o espaço interno do Museu da Cidade é o lobby: ambiente diagramador, por onde o visitante pode decidir sobre visitar o museu, ir para o auditório, ou simplesmente ir para a praça. Além disso, através de sua plataforma e dos elevadores do anexo, o lobby desempenha a importante função de permitir o acesso universal a qualquer nível do museu.
Pensando pelo viés patrimonialístico, lidou-se com uma edificação do período da arquitetura moderna, cujo grande protagonista é o espaço. Portanto, como medida patrimonial, buscou-se valorizar, ao máximo, a espacialidade do edifício, criada por seu formato côncavo e pela forma com que a luz adentra a cave. Nesse sentido, o lobby é o amálgama de toda a espacialidade da TV, abarcando toda a sua importância simbólica, histórica, arquitetônica e, agora, também funcional.
Sala de Exposição da Cidade Universal
Remetendo a grandes salões de exposição onde a cadência vertical leva o espectador a um percurso sugerido, porém nunca obrigatório, a Sala de Exposições da Cidade Universal funciona como uma própria metáfora da história, onde uma versão nunca é a única, e as interpretações são diversas.
A única lei que impera, independente da interpretação ou do percurso, é a cadência, que nada mais é que o passar inexorável e irremediável do tempo, trazendo novas relações e cidades, a cada nova era da humanidade.
Assim, dessa livre forma didática adotada, o espectador desce a sala por suas rampas labirínticas, aprendendo sobre o surgimento desta, que é a mais importante invenção humana na Terra: a cidade. Tal percurso, sempre acompanhado pela existência de uma cidade real no horizonte, culmina de forma catártica, na Sala de Exposição da Cidade de Juiz de Fora, onde o acervo é a própria cidade.
Sala de Exposição da Cidade de Juiz de Fora
Ápice Central do Museu, esse grande salão tem como objetivo primordial conectar o espectador a Juiz de Fora, de uma forma clara e objetiva, tratando de assuntos urbanos históricos e atuais, sempre de forma transparente e dinâmica, através de todo o aparato digital do qual é formado o suporte do acervo.
Antes de tudo, esse ambiente expositivo é uma grande área de permanência, com todo suporte necessário para que o espectador tenha momentos agradáveis e calmos, enquanto aprende sobre a cidade e contempla a vista de seu inspirador horizonte.
Corredor de Exposição de Cidades Convidadas
Conector entre a Sala de Exposição Cidade Juiz de Fora e a Sala de Maquete de Juiz de Fora, o corredor faz um significativo contraponto entre a rocha crua da montanha e a paisagem da cidade, que continua a acompanhar o visitante. Essa parte do museu é dedicada a exposições temporárias, abrigando painéis expositivos que contam a história de uma cidade convidada, como a história de Barcelona, Paris ou Brasília, por exemplo. Essas exposições temporárias consistem numa forma de homenagear cidades relevantes, como Paris, no Ano da França no Brasil, ou Berlim, que atualmente comemora vinte anos da queda de seu fatídico muro.
Sala de Exposição da Maquete de Juiz de Fora
Espaço voltado principalmente para leigos e crianças, a sala da Maquete de Juiz de Fora possui um grande modelo físico da cidade, construído minuciosa e constantemente atualizado pelos pesquisadores do museu. Essa maquete, além de ser um link de interesse para a população, é um laboratório vivo, um estudo volumétrico da cidade que pode ser acessado e estudado por todos.
A bilocação de Santo Antônio
A cadência da Sala de “Exposição da Cidade Universal” é, em certo momento, interrompida pela projeção subterrânea do Monumento ao Cristo Redentor. Tal evento é necessário não só pelo viés estrutural, mas também por questões patrimoniais, simbólicas e lúdicas.
A intenção do projeto é proteger e valorizar toda a projeção subterrânea do Monumento. Assim como os espaços aéreos são protegidos, bilocar a pequena capela é multiplicar seu significado histórico e religioso. Santo Antonio de Pádua tem importância crucial para a cultura religiosa da cidade por ser dela padroeiro. Esse personagem da hagiografia católica, portanto, é resgatado pelo museu, ao ser homenageado por sua capela subterrânea.
No concreto acima da capela, direcionada ao céu, há uma fenda por onde passam raios de luz solar que tocam a cruz, exatamente às doze horas do dia 13 de junho, dia do padroeiro. Como Santo Antonio é o único, entre todos os santos a ter feito o milagre da bilocação, essa luz coroa a duplicação da capela.
Dessa forma, de maneira singela e sofisticada, une-se o uso religioso mais antigo da montanha ao uso mais novo do museu, sempre com a vista de Juiz de Fora ao fundo.
Suportes de apresentação da Sala Exposição de Juiz de Fora
Pensando na total interatividade do visitante com o objeto exposto, foi desenvolvido um móvel capaz de atender a todas essas necessidades.
Partindo da tecnologia Touch Screen, criada para que o espectador interaja com imagens projetadas através do toque, os suportes dão apoio para que os visitantes assumam o comando da ordem, velocidade e direcionamento das apresentações.
Tais suportes tanto podem fazer apresentações correlacionadas com a cidade real, como podem apresentar temas desconexos, dependendo do direcionamento que o visitante desejar.
Sobre a tecnologia Touch Screen
Aplicada em uma tela de vidro, a película transparente com a tecnologia touch screen cria painéis interativos: sensíveis a um simples toque na tela, permitem projeções e interações com qualquer tipo de conteúdo digital. Prescindindo de qualquer software especial de criação, o sistema reconhece este toque como sendo o mouse do computador, de forma que o usuário tem total acesso ao conteúdo do computador na ponta de seus dedos.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
MUSEU DA CIDADE - VIDEO
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
domingo, 29 de novembro de 2009
MUSEU DA CIDADE - PRANCHAS
Museu da Cidade - P.A.U VIII
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Cliquem nas imagens para aumentá-las
Prancha I
Prancha II
Prancha III
Prancha IV
Professores: Frederico Braida | Frederico Halfeld | Mariane Unanue | Mônica Olender | Nikola Arsenic
Alunos: Henrique Gonçalves | Thiago Beck
Cliquem nas imagens para aumentá-las
Prancha I
Prancha II
Prancha III
Prancha IV
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Só Assim para o Reidy virar Notícia
Torcedores ganharam nesta sexta-feira (17) uma megabandeira de 210 metros quadrados no Dia do Flamengo. A data foi criada pelo governador Sérgio Cabral em homenagem à fundação do clube. A bandeira, em formato de camisa do time, foi estendida no prédio do Minhocão, na Gávea, na Zona Sul do Rio. Segundo a patrocinadora do time, o tamanho é proporcional ao amor dos torcedores pelo time e equivale a 40 pessoas de braços abertos. (Foto: Cláudia Loureiro/G1)
fonte
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Isso tá pedindo pra colocarmos o bandeirão do Tupi no edifício Clube Juiz de Fora!! Fica a dica hein!
sábado, 14 de novembro de 2009
A "mini-me" Savoye
Nunca falamos da obra máxima de Le Corbusier nesse blog talvez por não ter mais o que ser dito sobre ela.
É de conhecimento até do mundo mineral todos os pormenores dessa casa: todos conhecem o projeto, a história, as fofocas, enfim, todos já foram obrigados a fazer a algum trabalho sobre ela ao longo dos 5 anos de faculdade.
E se não foram, desconfiem!
Mas, para grande surpresa minha e da minha sala, algo inédito (para nós, ao menos) surgiu em um assunto despojado durante as aulas de P.A.
Nosso professor Fred Halfeld estava contando sobre sua visita à Villa Savoye, mas com enfoque principal na organização da visita, nos explicando como funciona uma "casa museu", até que ele solta sobre a existência de uma casa de caseiro... como assim?
Casa de caseiro na Villa Savoye?
Pra deixar a coisa mais esquisita, ele fala que a casa tem a composição e a linguagem completamente fiéis à casa principal e que, na verdade esse anexo seria o único exemplar construído da casa Mínimo Familiar.
Assim como o pessoal da sala ficou, vocês que não conhecem devem estar curiosos, portanto vamos às imagens da tal "casa do guarda e Jardineiro", cedidas pelo professor Frederico Halfeld do seu acervo pessoal. Desde já fica o agradecimento, valeu Fred!
Por mais sério que esse post precise ser, completando trabalhos de alunos de outras faculdades e períodos com essa informação, não consigo deixar de fazer essa comparação:
hehe
É de conhecimento até do mundo mineral todos os pormenores dessa casa: todos conhecem o projeto, a história, as fofocas, enfim, todos já foram obrigados a fazer a algum trabalho sobre ela ao longo dos 5 anos de faculdade.
E se não foram, desconfiem!
Mas, para grande surpresa minha e da minha sala, algo inédito (para nós, ao menos) surgiu em um assunto despojado durante as aulas de P.A.
Nosso professor Fred Halfeld estava contando sobre sua visita à Villa Savoye, mas com enfoque principal na organização da visita, nos explicando como funciona uma "casa museu", até que ele solta sobre a existência de uma casa de caseiro... como assim?
Casa de caseiro na Villa Savoye?
Pra deixar a coisa mais esquisita, ele fala que a casa tem a composição e a linguagem completamente fiéis à casa principal e que, na verdade esse anexo seria o único exemplar construído da casa Mínimo Familiar.
Assim como o pessoal da sala ficou, vocês que não conhecem devem estar curiosos, portanto vamos às imagens da tal "casa do guarda e Jardineiro", cedidas pelo professor Frederico Halfeld do seu acervo pessoal. Desde já fica o agradecimento, valeu Fred!
Por mais sério que esse post precise ser, completando trabalhos de alunos de outras faculdades e períodos com essa informação, não consigo deixar de fazer essa comparação:
hehe
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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